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O que são Resíduos de Curtume e quais os impactos ambientais que eles causam?

O que são Resíduos de Curtume e quais os impactos ambientais que eles causam?

Resíduos de Curtume são as sobras geradas pelo curtume, que é o nome dado às operações de processamento do couro cru. Esse setor engloba a indústria que prepara a pele crua para se tornar o couro de roupas, calçados, acessórios, entre outros.

Sem uma postura ambiental responsável, os resíduos dessas indústrias podem ser altamente prejudiciais ao meio ambiente. Porém, se tratados, podem ter valor comercial.

Segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), o setor movimenta US$ 3 bilhões por ano. Apesar de aquecido, as curtidoras, ou as terceirizadas que se responsabilizam pelas sobras, têm o desafio de gerenciar adequadamente os resíduos. É preciso faz o manejo responsável das sobras, pois retalhos e aparas podem ser poluentes. Isso implica em destinar corretamente ou tratar especialmente o cromo e a água, elementos usados para o curtume. Acompanhe!

Conheça os resíduos de curtume

De acordo com o CICB, o Brasil possui 310 fábricas curtidoras e 2.800 indústrias de componentes para couro e calçados. Além disso, o setor conta com 120 fábricas de máquinas e equipamentos, gerando 40.000 empregos diretos. A maior parte das curtidoras se concentra em estados com um grande número de rebanhos e frigoríficos, como Rio Grande do Sul e São Paulo.

O país é um importante exportador de couro e tem forte participação no comércio mundial. Um dos impasses do setor, porém, é com o volume de resíduos de curtume, alguns deles poluentes, gerado na transformação do couro cru em material curtido.

Segundo este estudo, as sobras são geradas depois que as peles passam pelo processo químico chamado curtimento. As fibras que estruturam as peles são modificadas com auxílio de produtos químicos, naturais ou sintéticos, chamados curtentes.  Os resíduos provenientes desse processo são retalhos ou aparas de couro acabado ou semiacabado.

Entenda por que os resíduos de curtume oferecem riscos

A indústria coureira do Brasil é representativa, mas, ao mesmo tempo, é grande geradora de resíduos. O problema não consiste somente no volume de aparas e retalhos provenientes do processo de curtição. O risco está no potencial poluidor de substâncias usadas no processamento do couro.

Para transformar a pele crua em couro, usam-se produtos químicos como o cromo. Conforme alerta este estudo, a substância fixa-se nos resíduos de curtume e oferece ameaças.  Segundo a classificação da NBR 10.004/04, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, o cromo é um resíduo perigoso. Pertence à classe I, com grau de risco à saúde pública e ao meio ambiente, por apresentar as seguintes características:

  • inflamabilidade;
  • corrosividade;
  • reatividade;
  • toxicidade;

Quando os resíduos do curtume não são tratados podem atingir rapidamente o lençol freático e até mesmo os rios e reservatórios que abastecem as cidades. Há, com isso, riscos de contaminação de vegetais e animais e potencial de surgimento de doenças.

Outro problema vem das águas residuais geradas durante o processamento do couro. As fábricas de curtume produzem grandes quantidades de efluentes líquidos ao transformar as peles em couro. A água, afirma este estudo, é usada para hidratar as peles que sofreram conservação por salga. Também é utilizada para limpar sua superfície, retirando sangue e gordura. Nesse processo junta-se à água produtos que podem contaminar os efluentes líquidos, como bactericidas, sais, tensoativos e enzimas.

Trate os resíduos de curtume com responsabilidade

Por todas essas ameaças, deve haver grande comprometimento das geradoras ou empresas tratadoras de resíduos de curtume. Tanto as próprias fábricas quanto as tratadoras que assumem o manejo do material precisam ter responsabilidade socioambiental. Os esforços devem ser no sentido de gerar menos sobras ou tratá-las para que sejam reaproveitadas.

Um dos primeiros passos para fabricar curtume ou tratar seus resíduos é ter licenciamento ambiental. Organizações que descumprem esse requisito podem ser multadas, como foi o caso de uma curtidora de Cândido Sales, na Bahia. A fábrica operava sem autorização e despejava os resíduos de curtume, sem tratamento, no rio da cidade.

Dê vida nova aos resíduos de curtume

Hoje, uma das principais recomendações da lei ambiental brasileira é que os resíduos ganhem vida nova com técnicas de reciclagem. Usando tecnologias de tratamento é possível transformar os resíduos de curtume em novos produtos.

A pesquisadora Graziele da Costa Cunha, junto de outros colaboradores, desenvolveu um estudo demonstrando como as sobras de curtume podem ser aproveitadas. Os pesquisadores fizeram experimentos usando o cromo residual do curtume e obtiveram pigmentos capazes de dar coloração às cerâmicas.

Além de pigmentos, a reciclagem do curtume também pode criar outros produtos, como o recouro e o tijolo a frio.